Longe vão os anos em que eu dizia que não queria ter amigos que não se considerassem feministas. Longe vão os anos em que eu dizia que a minha obrigação não era educar nem consciencializar homens.
Quando me tornei feminista – ativista – dizia à boca cheia que nem sequer amigos de direita queria ter. Envolvia-me em discussões na Internet só porque sim. Tive o meu perfil exposto em páginas de extrema-direita. Era a maior atrás do teclado.
Envergo, com orgulho, o símbolo do Feminismo tatuado na minha perna. Mas cresci. Sou feminista, sou ativista, e luto todos os dias com toda a força do meu ser contra injustiças, machismo, o Patriarcado. Mas já lá vai o tempo em que achava que o meu papel não era educar homens. Já lá vai o tempo em que perdia o amigo mas não perdia a discussão – em que o ativismo estava acima de tudo na minha vida. Em que achava que ally tinha que sofrer mesmo para entender a opressão.
Hoje em dia, prefiro perder tempo a explicar a quem me importa, porque é que a igualdade de género é sim um assunto. Prefiro preservar os aliados, do que não conseguir mantê-los do nosso lado. Amigos de direita? Aos montes. E a sororidade já não está a cima de tudo na minha vida.
Tenho 27 anos, uma
vida pessoal e profissional além do ativismo feminista (que continua
extremamente presente na minha vida). A minha vida já não gira à
volta disso. Sou uma ativista cansada, uma feminista exausta. Às
vezes sai-me um “puta” como insulto. Às vezes digo que estou
gorda e que preciso de emagrecer, faço body-shaming a mim própria.
Acredito que muita gente me confiscaria o cartão de Feminista por isto. Mas sabem que mais? Não quero saber. Sou menos mulher, menos Feminista por isso? Não. Continuo na causa, de corpo e alma. Mas não me peçam para não ser eu própria. E sabem o que não me falta no coração? A empatia para me pôr no lugar do outro. E isso, amigxs, é quase tudo.
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