O título é quase um "Amor em Tempos de Cólera", eu sei. Perdoem-me a falta de originalidade. E à semelhança de todos os outros textos deste blog, este vai partir de uma perspetiva pessoal. Não sou psicóloga e não tenho as ferramentas necessárias para abordar esta questão de um ponto de vista imparcial e científico.
Normalmente gosto de estar em casa. Sempre fui uma pessoa bastante caseira. Ver séries, ler. Estar com os meus pais. Mas faço isso para fugir à rotina dos meus dias lá fora. Mas já não há por onde fugir porque agora nem sequer há dias lá fora. Criar escapes não é fácil em circunstâncias normais, e torna-se ainda mais difícil agora. Podemos ver televisão, podemos fazer maratonas de séries, exercício em casa. Até podemos ir às compras e fazer deslocações curtas para exercício físico.
Mas os pensamentos gritam-nos dentro da cabeça. E o que antes era um escape é agora rotina. E agora qual é o escape para calar a minha ansiedade? Qual é a saída agora para fases depressivas?
Não tenho estado propriamente em contacto com pessoas que tenham as mesmas condições psicológicas que eu, mas acredito que esta esteja a ser uma jornada difícil. E além de difícil é assustadora.
Todos estamos com medo neste momento. Todos tememos o futuro e, provavelmente, agora será pelo mesmo motivo: uma pandemia que assolou o mundo. E cada um tem os seus problemas. A nossa vida não parou (bom, mais ou menos). As pessoas continuam a trabalhar, a desenvolver relações interpessoais, mais que não seja através das redes sociais. Continuam a manter relações de amizade, relações amorosas. A tratar da casa, dos filhos, das plantas e dos animais de estimação. E agora fazem isto tudo com medo. Um medo comum a todos nós.
Mas para efeitos de comparação, e aqui falo para "neurotípicos" (eu detesto esta palavra), imaginem estes medos comuns a todos, juntos com outros medos pessoais, medos de coisas que nem sequer existem. Mais o medo do abandono, o medo do desconhecido. O medo do amanhã, mesmo que não se viva uma pandemia. O medo absurdo de um dia todos os nossos amigos nos deixarem, porque sim. Imaginem os medos comuns a todos, mais uma nuvem negra constantemente sempre por cima das vossas cabeças, e aquela voz que vos relembra constantemente "como te atreves a estar descontraída por 5 minutos?".
Sim, eu imagino-me a ter diálogos com a minha ansiedade e a minha depressão constantemente. A minha ansiedade diz-me constantemente para estar alerta. Eu pergunto porquê e ela responde-me "porque sim". Eu estou alerta neste momento porque todos estamos, pelo mesmo motivo. Mas estou alerta, ansiosa, e em pânico por coisas que nem eu sei se existem sequer.
E estou em casa, sempre. Todos os dias. Porque neste momento não tenho escolha. Se tivesse, será que não estava em casa na mesma? Não sei. Porque não tenho. E porque agora tenho que estar aqui. A tentar calar as vozes histéricas dentro da minha cabeça, e a tentar focar-me onde todos estamos focados.
E sabem porque é que isto interessa? Porque em circunstâncias normais, posso estar rodeada de gente e sentir-me sozinha. E como eu há outros tantos à vossa volta. E à minha. E provavelmente eu nem sei. Mas agora eu não estou rodeada de gente.
No meio de tudo o que se passa lá fora, eu continuo a ter pessoas que se preocupam comigo. Estou em contacto com amigos, com família, tenho os meus pais aqui. E estas pessoas seguram-me para que eu não caia. E seguram-me sempre, não só agora.
Há gestos que nos fazem sentir menos sozinhos. Não se esqueçam das vossas pessoas.
Não tenho estado propriamente em contacto com pessoas que tenham as mesmas condições psicológicas que eu, mas acredito que esta esteja a ser uma jornada difícil. E além de difícil é assustadora.
Todos estamos com medo neste momento. Todos tememos o futuro e, provavelmente, agora será pelo mesmo motivo: uma pandemia que assolou o mundo. E cada um tem os seus problemas. A nossa vida não parou (bom, mais ou menos). As pessoas continuam a trabalhar, a desenvolver relações interpessoais, mais que não seja através das redes sociais. Continuam a manter relações de amizade, relações amorosas. A tratar da casa, dos filhos, das plantas e dos animais de estimação. E agora fazem isto tudo com medo. Um medo comum a todos nós.
Mas para efeitos de comparação, e aqui falo para "neurotípicos" (eu detesto esta palavra), imaginem estes medos comuns a todos, juntos com outros medos pessoais, medos de coisas que nem sequer existem. Mais o medo do abandono, o medo do desconhecido. O medo do amanhã, mesmo que não se viva uma pandemia. O medo absurdo de um dia todos os nossos amigos nos deixarem, porque sim. Imaginem os medos comuns a todos, mais uma nuvem negra constantemente sempre por cima das vossas cabeças, e aquela voz que vos relembra constantemente "como te atreves a estar descontraída por 5 minutos?".
Sim, eu imagino-me a ter diálogos com a minha ansiedade e a minha depressão constantemente. A minha ansiedade diz-me constantemente para estar alerta. Eu pergunto porquê e ela responde-me "porque sim". Eu estou alerta neste momento porque todos estamos, pelo mesmo motivo. Mas estou alerta, ansiosa, e em pânico por coisas que nem eu sei se existem sequer.
E estou em casa, sempre. Todos os dias. Porque neste momento não tenho escolha. Se tivesse, será que não estava em casa na mesma? Não sei. Porque não tenho. E porque agora tenho que estar aqui. A tentar calar as vozes histéricas dentro da minha cabeça, e a tentar focar-me onde todos estamos focados.
E sabem porque é que isto interessa? Porque em circunstâncias normais, posso estar rodeada de gente e sentir-me sozinha. E como eu há outros tantos à vossa volta. E à minha. E provavelmente eu nem sei. Mas agora eu não estou rodeada de gente.
No meio de tudo o que se passa lá fora, eu continuo a ter pessoas que se preocupam comigo. Estou em contacto com amigos, com família, tenho os meus pais aqui. E estas pessoas seguram-me para que eu não caia. E seguram-me sempre, não só agora.
Há gestos que nos fazem sentir menos sozinhos. Não se esqueçam das vossas pessoas.
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