Respiro no meio da tempestade



“Depois da tempestade vem a bonança” – dizem. 

Como é que sei disso, se vivo em constante tempestade? Se eu própria sou a tempestade, atraio a tempestade. Vivo-a – todos os dias.

Mas ultimamente vivo-a acompanhada. E respiro. Vivo-a acompanhada nos jardins de Lisboa, onde passeio e tiro fotografias a flores e ao pôr-do-sol. Vivo-a acompanhada em casa, aconchegada no conforto do sofá e da minha cama. Vivo-a a passear também sozinha. E vou respirando.



Vou-me lembrando, um bocadinho todos os dias, de quem eu sou. E respiro. Lembro-me também de quem eu não sou – uma tempestade, as pessoas que entram, saem, e permanecem na minha vida. Não sou isso. Sou eu, e respiro.

A tempestade acontece. Todos os dias, dentro de mim. Chove e faz frio. Mas eu não sou isso. E consigo respirar. E vou aquecendo por dentro. Um bocadinho todos os dias. E respiro de alívio, um bocadinho todos os dias.

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